Linguagem em ação

Este blog tem como objetivo, criar espaço para o debate, discussão e contribuições linguísticas, literárias e de linguagem. Participem!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Voltei...Ressignifazer o quê?

Nossa, quanto tempo não apareço por aqui...Depois que retornei da Argentina, tantas coisas aconteceram: mudança de emprego, felicidade, felicidade e mais felicidade...acabei deixando um pouco de lado minhas reflexões linguísticas, mas após pedidos de alunos, eis o sentido da palvra RESSIGNIFAZER...

Ressignifazer é o ato de transformar, refazer por meio da reflexão. Não trata-se apenas de mudar a forma, mas orientar essa mudança por meio da efetiva reflexão, de modo a assegurar análise  e percepção acerca dos sentidos construídos no processo de interação.
Trata-se de um vocábulo não muito utilizado, o que é uma pena, pois ressignifazer  a vida deveria ser um ato permanente e inerente a todos os seres humanos (se bem que eu acredite que assim seja, quem dera todos pensassem assim).

O termo pode parecer um bicho de sete cabeças, mas não é...procurem olhá-lo com esmero e dedicação...
A conjugação segue a mesma do verbo fazer, logo, a justaposição prefixal é mantida:

Tempo presente   
Eu RESSIGNIfaço
Tu RESSIGNIfazes

         Pretérito Perfeito          
Eu RESSIGNIfiz   
  Tu RESSIGNIfizeste

Futuro
Eu RESSIGNIfarei
Tu RESSIFNIfarás

Continue conjugando e amplie seu vocabulário...

Nos vemos por aí!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

E o que o coco tem a ver com isso? - o novo acordo ortográfico II

Faz tempo que não venho fazer minhas confissões, desilusões e desabafos linguísticos, pois o meu trabalho tem sugado tudo de mim...mas reconheço que não posso deixar de lado algo que ainda me dá prazer, discutir a linguagem e sua riqueza sígnica.
A semana que passou tive muitas decepções linguísticas, mas não me atentarei a falar a respeito delas, não quero polemizar muito...Quero desabafar algo que me fez refletir e muito, ainda mais porque faço parte do grupo de linguístas que lutam pelo fim do acordo ortográfico, acordo esse que pouco contribui para a unificação da língua portuguesa entre os países lusófonos...Em  aula, explicando a determinação do do fim do acento circunflexo e suas exceções, nos atentamos a  um fato que no mínimo será constrangedor e possilitará problemas de compreensão nas séries iniciais, trata-se da diferença, a sutil diferença entre o coco( fruta) e coco (fezes), algo que sem o acento diferencial será complicado estabelecer uma diferença sem despetar risos. Assim, pisei no coco - se o contexto não enfatizar a questão do odor fruto dessa ação desastrosa, a pessoa pode ter pisado na fruta. E se a pessoa ao caminhar pega o coco no chão, ou derruba o coco, poderemos entender que ela teve diarreia...prefiro nem pensar mais porque tudo isso me deixa nervoso e  sem resposta para o questionamento título desse post, todavia tenho a esperança que as pessoas passem a se valer de sinônimos para representar suas ações, ainda mais nesse contexto tão orgânico...
Tenho muito a dizer, mas o que eu mais queria agora era uma água de coco para me tranquilizar, porque senão...acho melhor tomar um outro suco para evitar qualquer interpretação equivocada...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Faz tempo...

Tenho deixado de lado o meu blog e isso me faz sentir-se mal, desmotivado e sem inspiração...mas  será que preciso inspirar-me para poder escrever sobre a linguagem? O dia-a-dia, as diferentes manifestações linguísticas servem de inspiração...não acham?
Faz tempo que tenho de comentar...embora eu não concorde muito com o que a Gramática impõe, gostaria de comentar algo que me deixa triste ao ouvir..."Fazem cinco anos" "Fazem anos que não os vejo"...por que as pessoas insistem em concordar esse verbo com a relação de tempo, quanto maior o tempo, maior a confusão...rs Faz um ano, Faz cinco anos e assim por diante...
Outra coisa que me irrita...quem fala agora é o meu diabinho gramatical...é o uso da expressão "os mesmos", estou chegando a conclusão de que quando as pessoas não têm o que dizer, ou acham que utilizar elementos de referênciação, seja ele direto ou indireto, como o uso de pronomes ou atributivos, referências nominais, espacial entre outros, estão fora da moda, finalizam o período com a expressão "os mesmos". Vamos analisar essa expressão...
"Os mesmos" tem uma relação de cumplicidade, ou seja, teoricamente alguém age e um outro alguém age de forma a compactuar com a ação desse alguém, seria o uso mais lógico, não de adição, redundância como costumam utilizar. Por exemplo: Marina comeu o bolo. Ela o fez semana passada. Eu já vi construções assim: Marina comeu o bolo. A mesma o fez semana passada. Utilizar a referência pronominal "Ela" está fora de moda? Não se iludem...o modismo está ditando construções errôneas...No exemplo acima a expressão "a mesma", faz referência à Marina, mas o correto seria utilizar a referência pronominal, na oralidade veríamos como uma inadequação...
Pessoas, prestem atenção, esses termos devem acompanhar os substantivos, não substituí-los! é difícil de entender? ...eu sei que é...risos. Uma construção correta usando o termo "mesmo" seria:  "Foi pelo mesmo carinho" o que nos faz inferir que várias  pessoas reagiram motivados por um único, igual sentimento
carinho... Agora, voltando ao exemplo da moça do bolo...risos...alguém compactua com a ação de Marina? Para que sermos redundantes? ...sei que voltarei a falar a respeito disso...porque faz tempo que esse diabinho gramatical não pertuba o anjinho linguísta...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Preconceito linguístico e lexical

Hoje estou triste e pensei muito se deveria ou não postar algo...são tantas atribuições...mas tudo bem, aqui estou e falarei de algo que Marcos Bagno já tratara em um dos seus livros - O preconceito linguístico -, mas  não sob a mesma ótica...elucidarei o preconceito de forma lexical...Há muito tempo, observo as pessoas dizendo, judiação, coitadinho, sem pensar que ao manifestarmos esses vocábulos, inserimos inconscientemente ou não, ideologias que nem sempre compactuam o sentimento expresso no momento da enunciação.
Ao falarmos "judiação" fazemos referência aos judeus, e as atrocidades vivenciadas por esse povo ao longo da história...judiar, judiação são palavras que menosprezam a história desse povo...por outro lado, fico a pensar...será que ao enunciarmos essas palavras expressamos o sentimento de compaixão ou de dó, pena? embora o primeiro seja mais humano e desprovido de qualquer sentimento de desprezo ainda assim coloca a cultura desse posso e sua história em um patamar nada favorável, a final, compaixão é "sofrer com" e ao afirmarmos "judiação" queremos manifestar a ação de ser judeu, logo merecedora de dó? ...bem provalvel...acho que essa discussão poderá ir longe e ao certo trata-se de um de preconceito linguístico e enraizado a questões ideológicas...
Em relação à palavra coitado, encontramos a etimologia à palavra "coito", muito usado pelos poetas romantistas, coito do amor...quando dizemos coitado ou coitada, queremos dizer que pena, fizeram amor? acho que não, não é? Faz-se necessário afirmar que os efeitos de sentido das palavras mudam de acordo com o contexto de uso, época, cultura etc..., mas que muitas palavras estão carregadas de preconceitos, isso é verdade incontestável. Vale a dica de nos policiarmos, buscar na etimologia respostas para as nossas dúvidas lexicais e conhecer riquezas presentes no fundo do mar...
Querem saber o motivo da minha tristeza?
Percebi que muitas pessoas não vivenciam mais o sentimento de compaixão, solidariedade e empatia...talvez se conhecessem a etimologia dessas palavras, pudessem vivenciar no dia-a-dia bons sentimentos...

sábado, 1 de maio de 2010

Vocabulário, vocabulários...

Somos bombardeados diariamente com novas expressões em função dos diferentes contextos de uso...Se utlizamos os diferentes termos em seus respectivos contextos de produção, tudo bem, somos bem vistos e aquilo que poderia ser compreendido como uma "verborréia" tecnicista ou mesmo um "latinismo" sem propósito, passa  a ser aceito, pois passa pelo crivo da aceitação, da aceitação social...
Hoje é muito comum encontrarmos expressões do meio virtual presentes nas diferentes situações de uso, sejam elas na dimensão oral ou escrita.
O vocabulário da língua portuguesa, ganha e muito com essas abordagens contextuais e típicas descontextualizadas e não percebemos isso de imediato. Por exemplo, o verbo deletar, de origem latina, "deletare", está presente nos teclados dos computadores e as pessoas o utilizam com maior intensidade no ambiente virtual..." deletei aquele post", " o deletarei do orkut" e assim vai... Mas será que exprime o mesmo efeito de sentido de apagar?
Nós apagamos dos nossos corações, quando queremos -deixarei isso bem claro -  mágoas e sentimentos ruins, mas existe um questionamento...ao apagar um sentimento, o efeito de sentido seria o mesmo de deletar?...seria mais fácil selecionar e depois excluir, logo, o processo ficaria  mais técnico e prático e essa percepção é elucidada pelo verbo deletar, que nos exprime a ideia de definitivo ou pseudo definitivo, pois no meio virtual, tudo é possível, mas tudo bem(...) ...ao contrário o processo ficaria mais emotivo ao utilizarmos o verbo apagar, pois você teria  de escolher por onde começar a executar a ação...e geralmente o processo é penoso e às vezes autodestruítivo...temos dificuldades de apagar sentimentos...por isso, optem por deletar, a objetividade do processo nos distancia das lembranças... Bem essa é apenas uma divagação a respeito de um item, mas temos outros...Por exemplo, você quer conversar com uma pessoa que ao invés de conversar, quer twittar qual  o problema em conversar, é mais fácil teclar, tc?...algumas pessoas forgetem de fazer atividades,  e quando eu digo que precisamos nos ressignifazer, me perguntam, o que é isso? Palavrão?
...a esse verbo dedicarei uma postagem especial...aguardem...

O primeiro comentário...preciso comemorar!!!

Fico intensamente feliz em saber que o meu blog está sendo visitado...rs

Hoje postaria algo referente ao mar, pois estou aqui na praia aproveitando o tempo maravilhoso...corrigindo provas, acredita? Isso mesmo, alunos, não deixei de trabalhar em nenhum momento...rs
Depois voltarei  discuterei algum assunto pertinente...
Até!!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Exagerei????

Após a última postagem, comecei a achar que exagerei...afinal de contas, não cai bem um Professor Mestre em Língua Portuguesa falar "Merda"...mas passadas as horas, verifiquei que é exagero da minha parte achar que isso pode, aquilo não pode...será que isso é verdade?
QUID EST VERITAS? - O que é verdade? Em grego verdade é A-LETEIA, que significa “o que não se esconde”, “aquilo que não passa”...não poderia deixar passar a oportunidade de partilhar aquele texto que tanto me fez rir...mas prometo que partilharei outros textos menos polêmicos...será que serei verdadeiro?...aguardem a próxima postagem...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Algumas expressões e seus efeitos de sentido...

Recebi um email com esse texto e compartilho com vocês...o texto pode parecer uma piada, mas em diferentes contextos faz muito sentido...a língua tem dessas coisas, nos surpreende e nos faz refletir e muito...o termo não é o mais formal e nem sempre pode ser utlizado nos registros escritos.Já imaginou se quiséssemos usar seus sinônimos? Experimentem...os efeitos de sentido serão outros...

M E R D A


(Nem o Aurélio definiu tão bem)



A palavra mais rica da língua portuguesa é a palavra MERDA.

Esta versátil palavra pode mesmo ser considerada um coringa da língua portuguesa.



Vejam os exemplos a seguir:

1) Como indicação geográfica 1:

Onde fica essa MERDA?

2) Como indicação geográfica 2:

Vá a MERDA!

3) Como indicação geográfica 3:

18:00h - vou embora dessa MERDA.

4) Como substantivo qualificativo:

Você é um MERDA!

5) Como auxiliar quantitativo:

Trabalho pra caramba e não ganho MERDA nenhuma!

6) Como indicador de especialização profissional:

Ele só faz MERDA.

7) Como indicativo de MBA:

Ele faz muita MERDA.

8) Como sinônimo de covarde:

Seu MERDA!

9) Como questionamento dirigido:

Fez MERDA, né?

10) Como indicador visual:

Não se enxerga MERDA nenhuma!

11) Como elemento de indicação do caminho a ser percorrido:

Por que você não vai a MERDA?

12) Como especulação de conhecimento e surpresa:

Que MERDA é essa?

13) Como constatação da situação financeira de um indivíduo:

Ele está na MERDA...

14) Como indicador de ressentimento natalino:

Não ganhei MERDA nenhuma de presente!

15) Como indicador de admiração:

Puta MERDA!

16) Como indicador de rejeição:

Puta MERDA!

17) Como indicador de espécie:

O que esse MERDA pensa que é?

18) Como indicador de continuidade:

Tô na mesma MERDA de sempre.

19) Como indicador de desordem:

Tá tudo uma MERDA!

20) Como constatação científica dos resultados da alquimia:

Tudo o que ele toca vira MERDA!

21) Como resultado aplicativo:

Deu MERDA.

22) Como indicador de performance esportiva :

O Coritiba não está jogando MERDA nenhuma!!!

23) Como constatação negativa:

Que MERDA!

24) Como classificação literária:

Êita textinho de MERDA!!!

25) Como situação de 'orgulho/metidez' :

Ela se acha o tal e não tem 'MERDA NENHUMA!'

26 ) Como constatação de fato:

' Eu não sou pouca Merda não'

27) Como indicativo de ocupação:

Para você ter lido até aqui, é sinal que não está fazendo MERDA nenhuma!!!

As novas regras ortográficas: variação, arbitrariedade linguistica ou arbritrariedade social?

Eu estou feliz, tive mais de 2000 acessos sob a temática do novo acordo ortográfico. Veja o texto na íntegra. O assunto é bastante complexo...voltarei a falar a respeito, enquanto existir inquietações, haverá debate, discussão e reflexões...
As novas regras ortográficas: variação, arbitrariedade linguistica ou arbritrariedade social?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Linguagem verbal e não verbal


Este vídeo, sugestão de um aluno meu, demonstra claramente a relação íntima entre linguagem verbal e a linguagem não verbal. Geralmente temos a infeliz ideia de que a linguagem  verbal é provida de uma imagem acústica, materializado em palavras,ou seja, signos linguísticos e que a linguagem não verbal é aquela desprovida dessa característica. Mesmo os gestos, desenhos, figuras, elementos  que configuram a linguagem não verbal, remetem ao signo linguístico, ou seja, o não verbal é inconscientemente verbal, pois os nossos pensamentos são linguísticos e a nossa interpretação, leitura de mundo se dão linguisticamente formalizados pela relação entre significado e significante. Este vídeo é ótimo e expressa muito bem essa relação.